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Ah... tanto mar. Tanto amor.
Sou um pedaço de vida que desperta a cada instante. Amo!
Teve um dia em que o mar levou um corpo, cheio de pensar, de achar. Neste mesmo dia o corpo escoriado nadou, sentiu, amou no mar. Viveu em mar. No corpo, agora Maria. Cheia de sentir. Muito que viver, tanto que amar. Ainda sim, cheia de pensar. Mas quando escreve, não pensa, transmite.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Meditação em Pedra Bela (1,2,3 de maio, 5 horas por dia)

Um intenso trabalho sobre mim mesma, e nada mais. Como também haveria de ser? Se trabalho por dentro, se trabalho por fora, é tudo EU. No entanto, há uma grande diferença. O trabalho por fora, ou para fora, é sempre controlador, sempre tentando construir algo que se tem a ilusão de ser o que poderia ser melhor do que é. Aí, uma coisa sempre vai ser melhor que outra. Aí, a coisa melhor é sempre aquela projetada que intentamos ter ou ser um dia, enquanto ficamos a carregar o fardo da coisa pior. É, de fato, um trabalho sobre si, mas trabalho este que intensifica os nós de um grande caos interno.
O trabalho sobre si pela interioridade, totalmente inversamente proporcional ao primeiro, é o da soltura do controle. Apenas observar os movimentos, internos e externos. Há que ser guerreiro, ter muita paciência em acolher todas as irregularidades que fazem parte da gente as quais nomeamos com os diversos tipos de sofrimentos e euforias; ser confiante de que o que está se passando é a única coisa que poderia estar acontecendo, nem melhor nem pior; ser um mestre nos caminhos do autoconhecimento para que se possa identificar cada borbulho interno, sem precisar dar nome a eles e nem racionaliza-los, mas saber expressa-los de maneira adequadamente saudável, aprendendo a deixar fluir as tensões que um ego ainda desconhecedor da verdade absoluta gera sobre a ilusão de seu corpo.
Enquanto o trabalho sobre si deixado a cargo do ego é construtor, controlador, idealizador, julgador por medo de tudo dar errado e cair num vazio escuro tenebroso, o trabalho sobre si essencial é entregue ao silêncio, ao Universo. É confiante, é degustador da plenitude da queda em um vazio luminoso, em que não há a precisão de qualquer tipo de construção, pois tudo já É, se move, flui e se transforma junto a organicidade de cada respiração de nossa inocência.
E um grande aprendizados foi poder lembrar, por queridos hermanos, que o apego à forma do trabalho do ego só pode ser dissolvido com amor a esse próprio apego e forma de trabalho. Eu já vinha observando evidências disso quando comecei a perceber que quanto mais eu usava de força e controle para me livrar de alguém, mais essa pessoa se impregnava em mim, em forma física, em idéias, em encargos. Mais irritada, inconformada, desesperada eu ficava. Mais e mais energia se esvaia para o ralo. Ao contrário disso, quando a colocava com amor no meu coração, não me importava mais com ela. Ou ela saia milagrosamente da minha vida ou ficava, milagrosamente, permeada e acolhida em minha integridade, onde não havia nenhuma necessidade em coloca-la para fora. Foi, então, um aprendizado libertador, pois aliviou muitas das tensões relacionadas a alguns vícios que venho desesperadamente tentando arrancar a força de mim. Salve salve os grandes insights!
E que perdure esta clareza, a vontade de se fazer uso dessa medicina amorosa e o acesso ao silêncio da interioridade. E que a cura pelo perdão aflore em cada pequena célula desta infindável (será?) vida e experiência humana.
Jallalla.

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