É um silêncio que anuncia. Que prenuncia. É a pré-partida.
Em partes, fico a remoer momentos que de velhos já cansaram de ser tocados. Querem parar por ali mesmo, onde já estão a descansar. Ou tentam.
É que estou à revelia do acaso, do tempo. A qualquer momento revelável pelo silêncio, que tento silenciar com mil movimentos tortos, perdidos, servis à impaciência. A desculpa desta vez é o aguardo pelo dia que não chega, e que está logo ali. Mas sou também a paciência. Aprendi a sê-la por não ter outro jeito. Pacientemente, dou voltas e me iludo de que ele, o silêncio, não está aqui.
A viagem longa, por tempo ou por distância, é sempre um aval para o medo de perda, de alguém que parece que vai morrer. Ou eu ou outrem. É o medo de perder o fio da meada, da toada, da ausência do passado que me deixará na solidão do tempo. Num tempo só, único, desatrelado de continuidade, passada e futura. Na linha dos tempos eu supostamente sei quem sou. No ponto atemporal, não faço a menor idéia. É um temor do império da eternidade.
Muitos propuseram um evento de despedida. Ah, não me sinto confortável como anfitriã de eventos. Menos ainda de despedida. Prefiro seguir meu curso, e saudando os presentes que recebo pelo caminho. E de uma forma desinteressada, vou encontrando muitos dos que eu chamaria para o “evento que não faria”, com cada um a curtir o momento próprio a que nos cabe. E será apenas uma curta temporada de longa duração, oras! Durará mais pra quem vai ou pra quem fica?
No momento estou só, bem só, mas sempre acompanhada. E observada de longe. Agraciada por eternas companhias ternas, mesmo que em suas ausências presenciais. É algo, assim, meio espiritual. Acabo de me despedir de queridos que vieram pra jantar, brincar, se fantasiar. Daqui a algumas horas receberei mais visita. É o tempo me trazendo os presentes, e meu coração recebendo-os cheio de graça.
Vou parar agora. Receber o silêncio que me aguarda todos esses instantes, ao meu lado (ou dentro de mim) esperando a sua vez. Cerrarei os olhos, o que me fará naturalmente suspirar, lenta, pausada e profundamente. Sei que em breve vou senti-lo adentrando meu corpo, fluindo por entre minhas entranhas. Vou enfim conceder o meu Amor ao vazio mais pleno que existe. Não terei mais medo. Declararei, então, meu Amor total a ele. E assim chegarei ao...
O telefone toca. A visita chegou. Me aguarda na estação.
Em partes, fico a remoer momentos que de velhos já cansaram de ser tocados. Querem parar por ali mesmo, onde já estão a descansar. Ou tentam.
É que estou à revelia do acaso, do tempo. A qualquer momento revelável pelo silêncio, que tento silenciar com mil movimentos tortos, perdidos, servis à impaciência. A desculpa desta vez é o aguardo pelo dia que não chega, e que está logo ali. Mas sou também a paciência. Aprendi a sê-la por não ter outro jeito. Pacientemente, dou voltas e me iludo de que ele, o silêncio, não está aqui.
A viagem longa, por tempo ou por distância, é sempre um aval para o medo de perda, de alguém que parece que vai morrer. Ou eu ou outrem. É o medo de perder o fio da meada, da toada, da ausência do passado que me deixará na solidão do tempo. Num tempo só, único, desatrelado de continuidade, passada e futura. Na linha dos tempos eu supostamente sei quem sou. No ponto atemporal, não faço a menor idéia. É um temor do império da eternidade.
Muitos propuseram um evento de despedida. Ah, não me sinto confortável como anfitriã de eventos. Menos ainda de despedida. Prefiro seguir meu curso, e saudando os presentes que recebo pelo caminho. E de uma forma desinteressada, vou encontrando muitos dos que eu chamaria para o “evento que não faria”, com cada um a curtir o momento próprio a que nos cabe. E será apenas uma curta temporada de longa duração, oras! Durará mais pra quem vai ou pra quem fica?
No momento estou só, bem só, mas sempre acompanhada. E observada de longe. Agraciada por eternas companhias ternas, mesmo que em suas ausências presenciais. É algo, assim, meio espiritual. Acabo de me despedir de queridos que vieram pra jantar, brincar, se fantasiar. Daqui a algumas horas receberei mais visita. É o tempo me trazendo os presentes, e meu coração recebendo-os cheio de graça.
Vou parar agora. Receber o silêncio que me aguarda todos esses instantes, ao meu lado (ou dentro de mim) esperando a sua vez. Cerrarei os olhos, o que me fará naturalmente suspirar, lenta, pausada e profundamente. Sei que em breve vou senti-lo adentrando meu corpo, fluindo por entre minhas entranhas. Vou enfim conceder o meu Amor ao vazio mais pleno que existe. Não terei mais medo. Declararei, então, meu Amor total a ele. E assim chegarei ao...
O telefone toca. A visita chegou. Me aguarda na estação.
Mais uma vez, mais uma esquiva. Que medo será esse de encontrá-lo?
Quem sabe um dia? Um dia. Um dia, quem sabe?
4 comentários:
Às vezes me assusto com a sua fala. Não sei porque. Um presságio, talvez? Espero que parta e volte. Feliz, mas volte.
te amo
boa viagem, filha
Mama, falo apenas de meditação. Voltar ou não, não é o caso. Farei o que me deixar feliz. Não faço planos de ficar por lá. Faço planos de muitas coisas por aqui. Mas sempre deixo o caminho ser desenhado sem algemas, correntes, etc.
Te amo, estaremos sempre juntas. Perto , longe, seja lá como for.
Boa Viagem e ótimo aprendizado!
Hz
compreendo a necessidade da partida, do silêncio e do inesperado.
Mas tudo ao seu tempo, saberás o quanto é bom a volta, o encontro da palavra certa e daquilo que deixaste para traz
isso é crescer...o resto é brisa
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