(tirado da Revista Natureza
Texto: Roberto Araújo – amailto:araujo@europanet.com.br)
"As plantas são como as crianças. Pequenas, dependem da gente para tudo. A rega diária, o olho sempre acompanhando o desabrochar de cada pequenina folha; o cuidado de preservar contra qualquer perigo, o zelo de manter longe a menor das formigas. Como foi com a própria mão que se fez a cova, dá para imaginar as raízes buscando nutrientes, gerando seiva e fazendo as plantinhas crescer.
A primeira divisão do ramo é quase como o primeiro dentinho de uma criança. A gente celebra feliz. Está dando certo. Não se trata de uma alegria solitária. É entre você e ela. Não importa o que os outros pensem. A sensação é de estar enamorado por aquela vida que brota. Quanto mais você e ela se conhecem, maior a intimidade. E o gostar só faz crescer.
O tempo passa. Para as plantas e para você. Embora todo o dia ela esteja diferente, parece sempre igual. Só aos saltos você percebe: “Nossa! Como ela cresceu! Está maior do que eu.” Um dia, não sei se para ficar triste ou para celebrar, ela não precisa mais de você. É você que precisa dela. Da sombra, dos frutos, do canto dos pássaros em seus galhos. É em horas assim que fico me perguntando se as plantas têm alma. Li outro dia (em A Hipótese Espantosa: a Ciência em Busca da Alma, de Francis Crick) que, para nós, humanos, o cérebro é a alma, algo que mantém a dominação do corpo, quase como se fosse uma possessão a ser usada a seu bel-prazer. As plantas não têm cérebro, que eu saiba. Mas às vezes eu tenho a nítida impressão de que todos estão atuando em conjunto, numa harmonia que só existe para os olhos que sabem ver, e que, na falta de outras palavras, a gente chama de Natureza.
Talvez por isso a cada dia me convenço mais de que a jardinagem e paisagismo são atividades para pessoas especiais. É preciso ter uma certa nobreza de espírito, um espaço interior livre das mesquinharias do “tudo sou eu e tudo deve ser meu” para que caibam também plantas, idéias e pessoas. Uma generosidade de gostar de propagar a vida esperando como recompensa apenas a existência de novos seres. E se alegrar infinitamente com isso."
Texto: Roberto Araújo – amailto:araujo@europanet.com.br)
"As plantas são como as crianças. Pequenas, dependem da gente para tudo. A rega diária, o olho sempre acompanhando o desabrochar de cada pequenina folha; o cuidado de preservar contra qualquer perigo, o zelo de manter longe a menor das formigas. Como foi com a própria mão que se fez a cova, dá para imaginar as raízes buscando nutrientes, gerando seiva e fazendo as plantinhas crescer.
A primeira divisão do ramo é quase como o primeiro dentinho de uma criança. A gente celebra feliz. Está dando certo. Não se trata de uma alegria solitária. É entre você e ela. Não importa o que os outros pensem. A sensação é de estar enamorado por aquela vida que brota. Quanto mais você e ela se conhecem, maior a intimidade. E o gostar só faz crescer.
O tempo passa. Para as plantas e para você. Embora todo o dia ela esteja diferente, parece sempre igual. Só aos saltos você percebe: “Nossa! Como ela cresceu! Está maior do que eu.” Um dia, não sei se para ficar triste ou para celebrar, ela não precisa mais de você. É você que precisa dela. Da sombra, dos frutos, do canto dos pássaros em seus galhos. É em horas assim que fico me perguntando se as plantas têm alma. Li outro dia (em A Hipótese Espantosa: a Ciência em Busca da Alma, de Francis Crick) que, para nós, humanos, o cérebro é a alma, algo que mantém a dominação do corpo, quase como se fosse uma possessão a ser usada a seu bel-prazer. As plantas não têm cérebro, que eu saiba. Mas às vezes eu tenho a nítida impressão de que todos estão atuando em conjunto, numa harmonia que só existe para os olhos que sabem ver, e que, na falta de outras palavras, a gente chama de Natureza.
Talvez por isso a cada dia me convenço mais de que a jardinagem e paisagismo são atividades para pessoas especiais. É preciso ter uma certa nobreza de espírito, um espaço interior livre das mesquinharias do “tudo sou eu e tudo deve ser meu” para que caibam também plantas, idéias e pessoas. Uma generosidade de gostar de propagar a vida esperando como recompensa apenas a existência de novos seres. E se alegrar infinitamente com isso."
3 comentários:
Essa precisa ser lida pelos Velhos Pais... Pura sensibilidade.
Amor sinonimo de consciencia/ bondade sinonimo de conhecimento.
hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....
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